Se você realmente aprecia e apóia a cena nacional pode até não se lembrar do nome do músico acima, mas com certeza já ouviu, somente ouviu falar ou tem em sua coleção cds do excelente Liar Symphony, banda a qual Pedro é o fundador, guitarrista e também vocalista por um curto trabalho, no álbum “Spirit Machine”(2004).
Álbuns instrumentais de guitarristas existem desde os gloriosos e sempre saudados anos oitentista quando o selo californiano Shrapnel começou a lançar este tipo de trabalho com um sem número de músicos talentosos como Marty Friedman, Jason Becker, Joey Tafolla, Greg Howe, Vinnie Moore, Richie Kotzen,David T Chastain, Tony Mac Alpine dentre tantos outros e muitos tornaram-se fãs destes trabalhos, em sua maioria notáveis e magníficos, assim como o Metal e o Hard rock, o estilo passou por um período de ostracismo nos anos noventa, mantido apenas por nomes como Satriani e Vai, mas voltou a brilhar nos últimos cinco anos com muitos músicos de qualidade gravando seus trabalhos.
Segundo o texto interno do encarte Pedro resolveu gravar o trabalho baseado em experiências pessoais e ao meu ver o resultado soa muito mais que positivo; começando pela bela capa, simples e sem muito rebuscamento, com a totalidade da parte técnica por conta do próprio músico em seu estúdio Masterpiece em Guarulhos/SP, gravado entre outubro de 2016 e maio de 2017 e contando com dois talentosos músicos, baterista Anderson Alarça, também LS e baixista Wilson Fernandes que vieram para adicionar e abrilhantar o resultado final, com o Pedro cuidando das guitarras, violões e teclados.
Posso estar enganado, mas o excepcional músico não segue a linha dos shredders e tampouco de neo clássicos como Malmsteen, Impellitteri ou Kiko, seu estilo é bem mais old school aonde as notas choram alto, com muito sentimento, alma, e muito bom gosto nas interpretações, muito mais em comum com os músicos dos anos setenta que cresceram em suas carreiras nos anos oitenta e também com muito do estilo de Satriani e uma pitada de Vai em vários momentos.
São dez composições autorais de muito bom gosto e diversidade cujos títulos refletem com certeza momentos que o músico passou e particularmente penso que todas são muito boas, tem sua dose de sensibilidade, mas destaco algumas que me agradaram mais à primeira ouvida, tais como ”Manga Larga”(que já rolou numa edição do Programa Metal On Metal www.crazyrock.com.br), e fechando os olhos consegui imaginar um belo cavalo de corrida correndo por um pasto-algo que fez parte da minha infância, em uma fazenda aonde passava férias no Paraná-música lírica e emotiva; “Novos Tempos” traz um sentimento de esperança da forma que Pedro passeia pelas notas e pelo andamento da composição; “Raízes” tem um clima balada blues pelo andamento e belo solo com a guitarra literalmente chorando; “Revolução” é mais pesada e traz um belo debulho do músico nas seis cordas, por vezes beirando o prog metal e o estilo do LS; “Sorria” traz um clima festeiro e festivo bem hard rock oitentista com um ótimo trabalho guitarristico; “Indomável” outra um pouco mais pesada e com tom de urgência, belo trabalho nas seis cordas e finalmente “De Volta para casa” que me lembrou Vai e passa realmente um sentimento de chegada e alívi, dentre outras.
Enfim um trabalho de muita qualidade musical de um músico que prima pelo bom gosto e sentimento à flor da pele.
