Metal Magazine - Tributo a Eduardo Bonadia
BIOGRAFIA
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Caros leitores,
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Em uma das vezes que tivemos problemas de ordem técnica no site, perdemos algumas matérias bem importantes, entre outras o texto que segue, mas graças ao grande amigo de muitas décadas, Bob Riot este foi recuperado e devidamente reparado.
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Para quem não sabe; Bob Riot, ou melhor, Roberto Jorge Cordeiro, é um dos grandes pioneiros da cena metálica santista e foi o PRIMEIRO "sócio" da Rock Brigade quando esta era apenas um mero e humilde fanzine xerocopiado, MESMO ANTES DE SUA EXISTÊNCIA, lembro-me como fosse hoje quando comentei com ele sobre a formação do zine e ele disse prontamente, "serei o sócio #1!!"; então como podem ver, ele também faz parte da história do Metal em nosso país e minhas respeitosas salvas de palmas para ele!!!!
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Por Eduardo de Souza Bonadia
Caros Amigos,
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O texto que segue pode ser considerado meio megalomaníaco ou "frescura pura" por muitos, mas a atenção deste é retratar realmente um pouco da história do Rock e do Metal neste país, pois queiram ou não, fiz e faço parte desta história de uma forma ou de outra como vocês mesmo saberão com o decorrer do texto. Procurei ser sempre o mais honesto possível e não esconder fatos (uma constante em publicações e em declarações), pois muitos sabem que sou um cara polêmico e que não gosta de meias palavras. Não tenho medo de ser honesto comigo mesmo e com as pessoas ao meu lado pois acima me orgulho do meu sobrenome e, ao mesmo tempo em que conquistei muitos amigos ao longo de minha jornada, conquistei alguns acirrados opositores (que não chamarei de inimigos, pois não os considero assim)...
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Bem, tudo começou ainda nos meus dias de garoto nos brilhantes nos anos 60; época em que o rock dava seu passos para o estrelato assim como a década seguinte quando na seção da tarde (não lembro-me o nome exato do programa) da rede "lavagem cerebral" eu curtia muito os filmes do "Rei" Roberto Carlos em sua fase do “Iê Iê Iê”(totalmente influenciadas pelos The Beatles) e suas músicas na época chamavam-me alguma atenção pelo ritmo (que eu desconhecia até então) assim como suas vestimentas e cabelões.
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Em 1973 na minha pré adolescência e em meio à ditadura que não afetou em nada a mim ou minha família de maneira alguma; aos onze anos de idade, na televisão (exatamente na antiga TV Tupi) era apresentado um comercial da Rádio Difusora ("A Máquina do Som") com um "video clipe" de um quarteto estadunidense chamado Suzi Quatro executando/dublando uma composição que seria seu primeiro sucesso, a eletrizante "48 Crash" e desde a primeira vez que a ouvi me fascinou e instintivamente toda a vez que a via procurava um rodo ou vassoura e ficava tocando-o como um baixo-na verdade não sabia tratar-se deste instrumento em especifico-defronte ao aparelho televisivo tamanha a minha fascinação pela música e o rock simplesmente arrebatou meu coração desde então, e não se esqueçam, naquela época conseguia-se tudo pela pesquisa nada de Internet, publicações especializadas não haviam; algumas tinham artigos de rock, etc mas nada muito direcionado de verdade; nunca tive um parente mais velho que curtisse a música e pudesse me ajudar na audição e pesquisa, me virei sozinho desde o começo! Até então eu era fascinado por zoologia e paleontologia e meu sonho era formar-me nesta área e ir para os EUA me especializaar, mas o rock mudou totalmente meus rumos e desde então estou nesta estrada!!
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Percebendo minha fascinação por esta música meus pais logo após me presentearam-eu então com onze anos de idade- com uma vitrola da marca Philips que tornou-se meu maior passatempo e vício por vários anos, sendo que meu primeiro disco foi o compacto (hoje single) da até hoje amada Suzi Quatro e se seguiram com o tempo trabalhos do Deep Purple, Alice Cooper, Procol Harum e Black Sabbath.
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Em 1975 entrei em contato com a Revista POP (Editora Abril) que trazia muitos artigos com bandas internacionais e nacionais que me abriu um vasto leque de informações e cheguei até a ter a coleção completa da publicação visto ter literalmente roubado várias edições da mesma da casa de primos do interior (hehehe) e comecei a tornar-me fã e influenciado por resenhas e matérias de grandes nomes da época como Tárik de Souza, Ana Maria Bahiana e Ezequiel Neves que foram meus “tutores” para o futuro como escriba; ao mesmo tempo que surgiu na rede bobo passava o Sábado Som que se transformou em o Rock In Concert uma versão nacional e mais condensada do programa norte-americano de mesmo nome(produzida pelo empresário Don Kirschner)que surpreendeu meus olhos e ouvidos com uma infinidade de performances de grandes bandas e estilos dentro do Rock e nesta época conheci nomes como Ufo, Kansas, Uriah Heep, Queen (das favoritas até hoje), e muitas outras que fizeram-me aumentar pelo apetite pelo Rock e também a minha coleção de vinis!
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O fato mais importante no final dos anos 70 foi o aparecimento da Revista Som Três, especializada em equipamentos de som e afins mas que também possuia uma seção de resenha de LPs e uma seção de anúncios com uma espeficicada em troca de correspondência e assim comecei a trocar cartas com mais de quarenta pessoas entre eles Antonio Donizetti Pirani, Roger e Roney Slemer dentre muitos outros, que com o tempo tornaram-se amigos pessoais ; ADP apresentou-me no final dos anos 70/início dos 80 artistas como Jimi Hendrix, Cream, Rory Gallagher, Johnny Winter, dentre outros e eu lhe apresentei nomes como Motorhead, Girlschool, Saxon; Roger e Roney por sua vez apresentaram-nos nomes como Triumph, Montrose, Sammy Hagar, e principalmente os até então desconhecidos Iron Maiden e Def Leppard e consequentemente da emergente NWOBHM; ao mesmo tempo que iniciei amizade com um vizinho de bairro de nome Jacinto Ambrósio Santiago (fã de Sabbath e Ozzy), o grande Jack Santiago e um pessoal no bairro próximo da Vila Monumento, pelos quais outros nomes como Blackfoot, Kansas, Journey (que eu odiava nesta época!).
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Com a falta de informação e uma vontade imensa no início dos anos 80 surgiu da idéia conjunta minha e destas pessoas mais de um amigo de bairro e de várias sessões de cinema, Ricardo Hissachi Oyama de criar um veículo de informação do Heavy Metal e suas vertentes; e como base de informação foi adotado o Fanzine norte-americano KAM (Kick Ass Monthly) que o Antonio Pirani (Toninho) recebia diretamente do editor e a revista inglesa Kerrang que naquela época era excelente (mas sempre falou mal das bandas da NWOBHM) e um pouco mais a excelente revista inglesa Metal Forces; como nome do fanzine foi sugerido pelo Ricardo e aprovado por todos o título Rock Brigade, retirado da música homônima do LP On Through The Night do Def Leppard (uma das preciosidades em edição importada dos irmãos Slemer).
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Começamos então a montar nosso tosco Zine sem apoio nenhum e com xerocópias tiradas às escondidas na firma aonde trabalhava o Toninho e também da sua então namorada Isolda e quase que ao mesmo tempo começávamos nossa empreitada já existiam as seminais lojas Baratos Afins e Woodstock, até hoje importantíssimas pelo que representaram / representam para a história do Rock em Terra Brasílis; a primeira foi o primeiro selo independente desta terra e que lançou álbuns clássicos como as SP METAL I & II, LPs do Centúrias, Platina, Chave do Sol, e o mais importante para este que escreve, o grande Ferro e Fogo do Harppia (do qual falarei mais tarde).
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Voltando à Brigade, tudo era feito com muito amor e paixão ao Heavy Metal (nosso lema era tudo pelo Metal-na época a música, não o dinheiro!) e com muita perseverança fomos divulgando nosso trabalho e conseguindo sócios para o Zine (então fã clube de heavy metal, com ficha de inscrição e carteirinha de associado) sendo que o primeiro foi Roberto Cordeiro (Bob Riot) de São Vicente e dentre os primeiros tivemos Carlos Lopes (o antigo “Vândalo” da Dorsal Atlântica); e com nossa honestidade e força conquistamos vários novos amigos como Adrian Gomes, Wilson Dias Lúcio, Berrah de Alencar, que tornaram-se com o tempo também componentes do Staff e os que lembram-se deles, devem lembrar também de suas matérias carregadas de amor e fanatismo pela música; Jacinto Ambrósio Santiago permaneceu conosco por algum tempo, deu uma sumida, e retornou como vocalista do Via Láctea e pouco mais tarde com o Harppia, tornando-se Jack Santiago e desde então considerado uma lenda do metal nacional (alguém que diga o contrário!!).
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Para manter o Zine resolvemos vender gravações dos álbuns que conseguíamos com o tempo e isso nos rendeu uma base sólida naqueles tempos difícieis; Toninho tornou-se correspondente de algumas pessoas na Europa que lhe enviavam fitas VHS com gravações de show (oficiais e piratas) e clipes, muita coisa raríssima naquela época (e até hoje) e com isso surgiu a idéia de procurarmos um local para podermos passar estes filmes e ganharmos mais dinheiro para investimento em prol da RB, o primeiro local escolhido foi o Rock Show que ficava em uma galeria da Av. Brigadeiro Faria Lima e com isso a Brigade tornou-se ainda mais conhecida e popular; mais tarde o Carbono 14, no Bairro do Bixiga, dos quais guardo boas recordações, conheci muita gente legal, fui DJ do "Baile de Metal" que rolava por lá, mas também más recordações pois em uma tentativa de assalto ao local levei um tiro e guardo desta época (1983) uma bala calibre 28 bem próxima da parte final da coluna que graças à Deus permaneceu imóvel, mas por pouco não me tornei paraplégico!!!
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Ainda na Brigade tornei-me "International Public Relations" responsável por contatar bandas, gravadoras, zines, etc tanto no exterior como nio país com o intuito de obter material promocional e assim enriquecer as páginas da publicação com as resenhas que eram publicadas, e graças a tivemos o nome da Brigade e o meu próprio em vários álbuns de bandas internacionais tais como Helloween (EP e 1º LP), Celtic Frost, Angel Dust, Running Wild (Under Jolly Roger) dentre outros, o que nos encheu de orgulho pois nosso trabalho estava sendo reconhecido também no exterior, e isso não era um fato comum como atualmente; colocamos o Brasil no mapa como país importante para o Heavy Metal e desde então fiz muitos contatos entre bandas, gravadoras, empresários, tornando-me verdadeiramente amigo entre vários ou pelo menos tendo a simpatia deles (por ex nesta época comecei a trocar cópias da Brigade como editor da revista alemã Rock Hard e atual editor da Deaf Forever), pessoas como Mick Moore do NWOBHM Avenger, Brian Ross (Blitzkrieg) ou Chris Boltendahl (Grave Digger) que chegou a colocar o nome do meu pai na lista de agradecimentos de vários CDs da banda!!
Continua.....
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TRUE METAL FATHER
"Meus caros amigos e leitores: com muita tristeza no coração e com uma IMENSA sensação de vazio na minha vida que só a FÉ E AMOR QUE TENHO EM DEUS pode ajudar neste momento, anuncio o falecimento do meu Argemiro Domingos Bonadia, "O seu Bonadia" como todos os que conheciam bem o chamavam.
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Ele que foi a pessoa que me comprou o compacto simples da Suzi Quatro em 1973, meu primeiro toca disco Philipps e acima de tudo, FOI E SEMPRE SERÁ O MELHOR PAI DO MUNDO nos deixou no último dia 18.07.2010, de forma tranquila e em paz em sua casa, e partiu para os braços do PAI.
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Ele que foi o cara (juntamente com minha querida mãe) que sempre "aguentou" com toda a barulheira, me apoiou em muitos momentos tristes e alegres, e homenageado em vários cds do GRAVE DIGGER como "true metal father Bonadia" agora descansa eternidade.
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Agradeço à todos que estiveram presentes e à todos que com certeza se entristeceram com a notícia.
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Eduardo de Souza Bonadia"