Antes de ouvir com muito cuidado e carinho este belo trabalho-como faço com todos os cds que resenho-bateu uma saudade imensa e saudável e antes coloquei para rodar toda a minha coleção de álbuns da banda, e que carreira riquíssima e belíssima eles tiveram até então!!
A formação considerada clássica por 99,9% dos fãs: Catalau vocais, Hélcio Aguirra guitarras, Nelson Brito baixo e Paulo Zinner bateria gravaram cinco dos sete álbuns de estúdio da banda(Golpe de Estado Ep,Forçando a Barra, Nem policia nem bandido, Quarto golpe e Zumbi), Catalau além de vocal compôs alguns dos vários clássicos do repertório e era um frontman de muita propriedade, Hélcio já tinha história depois de ter gravado o clássico A Ferro e Fogo com o Harppia e sempre foi uma usina inesgotável de grandes riffs e belos solos, a cozinha de Nelson e Paulo, uma das melhores do rock n roll, sabiam como ninguém fazer o que faziam com muita competência, técnica e brilhantismo e desde o inicio eles tocaram aquele hard n roll com sangue nos olhos, com um belo toque paulistano, com várias temas da cidade grande e que originaram muitas outras bandas que surgiram, lotaram lugares de capacidade mediana por um longo período, tocaram nas rádios sem nunca se renderem ao mainstream e deixaram um legado magnifico para o rock/metal nacionais, mas nem tudo é eterno e Zinner deixou a banda “por sei la qual o motivo” para tocar com a Rita Lee e ganhar com certeza um tostão a mais, Catalau abandonou o lado secular do rock encontrando seu caminho, convertendo-se e tornando-se uma pessoa livre dos vícios(dos quais ele era visivelmente adepto) e cristão protestante, o qual eu aplaudo, pela banda passaram dois ótimos substitutos em Kiko Muller que gravou “Pra Poder” mas não deu liga e “Direto do Fronte” com o ótimo Dino Linardi mais a estréia do grande batera Roby Pontes e quando as coisas pareciam que estavam indo muito bem novamente o grande Hélcio, o mestre Helcião resolveu nos deixar em 2014 vitima de um infarto, uma perda irreparável para a música e para os fãs, um cara sempre “gente fina”, simpático e paulistano aos extremos, e com certeza este foi o baque maior para a banda que deu uma parada para repensar, retornaram primeiramente aos shows com Rogério Fernandez nos vocais e Marcello Schevano nas guitarras/voz, contando atualmente com o excelente vocalista João Luiz (ex King Bird) e é com esta formação que este belo duplo ao vivo foi gravado no dia 10 de junho de 2017 na Clash Club na capital paulistana pela unidade móvel do Orra Meu!!!estúdios que foi lançado também em dvd .
Começando pelo trabalho gráfico de apresentação que é muito bonito, capa dupla, com booklet com muitas fotos da apresentação e finalmente um álbum ao vivo que soa como um verdadeiro álbum ao vivo; há anos que não ouvia isso em termos nacionais, pois são tantos overdubs, tantos consertos em estúdio, tanta plasticidade-me refiro principalmente as “grandes” bandas”-e o sentimento de ouvir este trabalho quase chegou ao mesmo sentimento que sinto ao ouvir grandes trabalhos como “Live and Dangerous”(Thin Lizzy) “Strangers in The Night”(UFO)ou “Live”(Foghat) e aplaudo de pé o trabalho técnico realizado aqui.
30 anos de história não é para qualquer um ainda mais tratando-se de rock/metal brasileiro, e além desta comemoração mais que merecida uma homenagem ao falecido e grande bro, o guitarrista Hélcio Aguirra-este faz falta-e sua bonita Telecaster está lá no palco....banda que é banda não tem uma cozinha rítmica qualquer tenho o grande baixista Nelson Brito, um dos melhores deste país e que nunca pode ser esquecido, e que batera é este tal de Roby Pontes???ele já havia colocado as mangas para fora no último trabalho de estúdio e arrebenta; João Luiz(que que gravou ótimos trabalhos com o excelente King Bird)na minha opinião um dos melhores vocalistas nacionais de todos os tempos, vozeirão , potencia e sentimento como na velha escola de mestres como John Lawton, Ronnie James Dio, e o guitarrista/voz Marcello Schevano(Carro Bomba, Patrulha do Espaço,etc) tem escola e qualidade ímpares e mescla sentimento e técnica na medida certa executando o trabalho deixado pelo mestre Hélcio com maestria, além da participação especialíssima do tecladista Matheus Schanoski que faz suas partes com muito bom gosto e quando chamado, além dos convidados o grande guitarrista Luiz Sérgio Carlini, um dos grandes das seis cordas do qual sou fã desde os anos 70, vocalista Rogério Fernandes (Carro Bomba) que teve uma pequena participação na história do GE mas não gravou nada faz aparições com muito feeling, Andreas Kisser detona na guitarra juntamente com Marcello em “Nem Policia nem bandido” e “Libertação Feminina” e que ótima participação, seria ótimo se todas as músicas tivessem duas guitarras, a sonoridade ficou mais energética e eletrizante; mas a participação mais esperada sem dúvida foi a do ex vocalista Catalau e que sentimento legal ouvi-lo cantando alguns dos muitos grandes nomes do repertório do quarteto.
Quanto a seleção musical: um clássico atrás do outro em versões muiiito boas e que resultaram num trabalho hiper honesto e sincero, mas infelizmente o muito bom trabalho “Prá Poder” foi totalmente omitido e do ótimo “Direto do Fronte” somente a pauleirissima “Feira do Rato” foi incluída.
Quanto ao dvd, imagem e captação de sons muito bons e que resultou num excelente trabalho, mas realmente num momento tão importante da história da banda faltaram alguns bônus importantes, como entrevistas com os componentes antigos, novos, convidados e fãs, teria sido muito mais importante e completo, mas o que está feito está feito.