O que me chamou a atenção de imediato é o capricho e qualidade da parte artística e gráfica da capa e encartes deste álbum, por conta do grande artista Juh Leidhl, inspirado por obras dos gênios tresloucados de Guillermo Del Toro e Tim Burton e também a obra épico fantástica da terceira parte de”A Torre Negra” em As Terras Devastadas” mas me lembrou mesmo o trem de “O Expresso Polar”(2004) ; em formato digipack e pelo primor,capricho e qualidade já deixou bem explicito o que vinha porvir em termos musicais nas doze composições autorais apresentadas.
A banda foi formada em abril de 2004 na cidade de São José do Rio Preto/SP como quinteto e definindo sua sonoridade como rock progressivo tendo outras influências dentro da arte e música(inclusive o heavy metal) tendo em sua discografia dois trabalhos anteriores em Unpuzzle!(2011)- um belo debut e já mostrando muitas das qualidades, musicalidade e talento- e o Ep “The Trick Side Of Some Songs” (2016) e tem na sua formação Fabio Caldeira(vocal/piano) Renato “Montanha” Somera(baixo/vocal) e Heitor Matos (bateria e percussão)e a variedade musical em suas composições é surpreendente, altamente contagiante e saudável aos píncaros e contando com uma série de convidados especiais no decorrer do trabalho que acrescentou e enriqueceu a sonoridade de uma forma altamente produtiva e qualitativa.
Produzido e com a parte técnica por conta de Adair Daufembach(Hangar, Hevilan,etc) que também cuidou de todas as guitarras rítmicas e solos exceto em algumas poucas partes que ficou por conta de Rubinho Silva-ao vivo eles se utilizam de músicos convidados para cuidar das seis cordas, além de uma extensiva lista de convidados nos coros, percussões, orquestrações, produção profissional, com timbragem na medida, sem plasticidade na sonoridade, limpa e cristalina na medida e um resultado tanto nos fones quanto no som ambiente excelentes.
Rock progressivo nas últimas décadas deixou de ser um estilo hermético, sisudo e hiper sério, mas sempre permitiu influência de outros estilos e muitos artistas atuais pouquíssimo tem de nomes dos anos 70 em sua música, mas o Maestrick deixou isso explicito, na cara e de uma forma excelente no decorrer do trabalho; sendo que muito recentemente conheci sua sonoridade e que banda progressiva soberba eles são!!
Devido as guitarras pesadas e solos bem colocados durante o trabalho muitos desavisados e com parco conhecimento musical vão coloca-los como influenciados pelo DT;claro que existe este influencia, mas senão vejamos: a maravilhosa introdução instrumental “Origami” conectada a “I a.m.Living” tem influências nítidas de nomes como Kansas e Styx de suas fases setentistas pelo lado sinfônico,instrumental primoroso e linhas vocais e harmonias que remetem ao Queen de sua fase pré The Game; “Rooster Rage” investe no som sertanejo de raíz em sua introdução que é puro tema do programa “Sr Brasil”(Rolando Boldrin)e é uma das composições mais próximas de um heavy metal melódico, rápida e energética, mas a voz correta e poderosa do Fabio Caldeira-que nunca cai nos “tralálás da vida”e o arranjo com uma certa dose de brasileirice(encontrável em outra composição não citada) nunca caindo no piegas ou vulgar; “Daily View” inicia com um piano elétrico e de início me lembrou um pouco “You´re my Best Friend” do Queen e mas foge da cópia apesar de lembrar um pouquinho e a influência aqui é o quarteto britânico até os ossos e alma, harmonias vocais belíssimas enriquecidas por um instrumental que parece ser mais simples, mas é repleto de pequenos detalhes e um solo bem na escola Brian May; “Water Birds” , uma balada com belas orquestrações que me remeteram ao final dos anos sessenta e uma sutil guitarra que faria o Steve Howe (Yes) sorrir e a parte vocal mais uma vez é puro Queen setentista(que amo de paixão) ; “Keep Trying” traz tudo o que foi citado e até uma pitada de AOR anos 80; “The Seed” a mais longa do trabalho, abre com um belíssimo coral e orquestrações que pareceram uma homenagem a família real britânica e torna-se uma balada pesada num crescendo, com partes mais pesadas e mais cadenciadas, esta sim bem próxima ao progr metal com muitas variações e climas que enriqueceram o resultado final e com vocalizações e harmonias vocais que são puro Queen e com certeza Freddie Mercury se sentiria orgulhoso, dentre outras que podem agradar aos mais diferentes ouvidos e finalmente “Hijos De La Tierra”, baseada no culto de amor à natureza e respeito às Américas, com participação de outros sete músicos de quatro países da América do Norte e do Sul, entre eles a cantora Cinthia Santibanes-bela voz- do Crisalida, musicalmente rica em climas, texturas e arranjos e com estrofes cantadas em castelhano, língua ótima e rica que fica sempre muito bem no rock/metal,um dos momentos altos do trabalho, dentre outras.
Simplesmente um dos trabalhos mais bacanas que ouvi e resenhei e que fogem da estampa de Heavy metal tradicional, Hard rock ou classic rock; simplesmente música excelente não precisa ter um selo de classificação “estilo X” e penso que Rock Progressivo realmente é muito melhor do que classifica-los como Progr Metal.
Se você tem a mente e o coração abertos para música de muita qualidade, o Maestrick vai lhe trazer muitos momentos de prazer e alegria sonora e “Espresso Della Vita: Solare” precisa se fazer conhecido por muitas pessoas ao redor do mundo!!