Se existe uma banda que eu possa falar com propriedade e respeito é o Fire Strike porque desde o primeiro contato com eles sempre os admirei como pessoas e me tornei fã desde o primeiro show porque eles gostam e tocam a música que eu AMO: heavy metal tradicional na sua mais pura forma e substância, com atitude, com qualidade musical, com visual adequado, ou seja uma banda completa.
Como todos sabem no underground a batalha é mais dura e mais pesada pois a maioria das bandas tem vontade de fazer mas não tem o lado financeiro organizado para investirem em si próprios e o FS se inclui num grupo de novas bandas que vieram para arrebentar; formada em 2005 por algumas mudanças na formação, no início tendo um vocalista de sexo masculino(destaco Kuro Faith que passou pelo To The Lamb e vocalista/fundador do Living Heart) com o qual gravaram um material pouco divulgado, ao meu ver(que por eles tenho uma cópia)e sempre tiveram qualidade musical mas com certeza evoluíram imensamente desde aqueles tempos e ganharam muita experiência dividindo os palcos com muitas outras bandas.
Trabalhei com eles como empresário/assessor de imprensa antes e tempos de lançado o Ep “Lion And Tiger” (2013) que foi gravado de forma caseira e por isso não tem uma linearidade na sonoridade, mas tem um excelente trabalho de arte por conta de Celso Mathias e ótimas composições como “Night Fever” “Streets Of Fire” “Masters Of The Seas” e a título, que analisando hoje foram um excelente cartão de visitas para o quinteto e demonstrou que o heavy metal tradicional tem ótimos representantes em nosso país e atraiu a atenção tanto de fãs como da “imprensa especializada” tanto quanto ao talento dos músicos quanto aos dotes vocálicos da incrível(e bela) vocalista Aline Nunes e parafraseando algo televisivo “quem sabe faz ao vivo” e eles sempre fizeram muito bem em shows(seu verdadeiro habitat) até mais que no estúdio.
Passado o impacto inicial e as várias apresentações o quinteto ficou num hiato compondo e se preparando para gravar seu primeiro álbum oficial e o que somente aconteceu no ano passado, novamente com um belo trabalho gráfico do artisto Celso Mathias(ainda prefiro o trabalho do EP) e com algumas grandes mudanças na parte musical e técnica,um bonus a favor da qualidade.
A longa espera foi extremamente compensadora pois o que tem-se em SOF é um trabalho gravado e produzido de forma extremamente profissional por Andria Busic no Busic Produções, conceituado músico com uma história brilhante dentro da cena nacional juntamente com seu irmão Ivan, desde Platina, passando por Taffo, Supla, Dr. Sin e Busic e sua experiência e talento ajudou em muito com certeza ao quinteto a lapidar as arestas e tirar os exageros,se aprimorar e deu várias sugestões positivas para que o trabalho saisse como saiu, evolução e qualidade acima de tudo.
Abrindo o trabalho uma nova composição aonde o Metal corre solto e faíscante, as guitarras cantando juntas numa intro que tem muito de Maiden/Running Wild e caindo para uma música energética e empolgante, que além de ter um ótimo instrumental com belo trabalho nas guitarras e uma cozinha ritmica sempre poderosa e Aline cantando em outro espectro da sua voz, sem precisar cantar em tons altos o tempo todo(no Ep 100% de tons altos), ela demonstra muito talento e poder em sua interpretação, tudo muito bem dosado nesta “Reach For Your Life” pequenas e sutis mudanças nos arranjos estão na versão regravada de “Master Of The Seas”(com a intro em frances por conta de Pedro Zupo (Armadilha) mantida intacta) com seu ritmo pulsante, poderoso e vibrante com influências latentes de Running Wild, refrão fortissimo, ótimo para cantar junto e o quinteto em plena forma; a título “Ides Of March”?? opa, o inicio lembrou bastante a intro que abre o Killers do Maide, “Slaves Of Your Fate” mais cadenciada mas sem deixar de ser empolgante e impactante; “Electric Sun”mais lenta e candenciada mostra o quinteto explorando novas áreas com a Aline explorando um lado mais melódico de sua bela voz(sem soar melosa) e o instrumental “metal britanico” traz belo e inspirado trabalho de guitarras especialmente e a participação especial de Ivan Busic no “vozeirão” narrativo; outra composição recente é “The Wolves Dont Cry” também traz o lado mais trabalhado e melodico sem maiores destaques, boa composição, só isso; “Losing Control” a última inédita traz um belo e inspirado prelúdio acústico por conta do produtor, as guitarras são rápidas caindo para uma balada com ótimo trabalho instrumental e vocal; a regravação de “Streets Of Fire” tem alguns pequenos detalhes aqui e acolá que foram rearranjados mas basicamente continua sendo um dos clássicos do repertório do quinteto e um metalzão para bater cabeça e cantar alto o refrão; fechando o trabalho duas composições antigas que finalmente viram a luz do dia em versões atualizadas, “Lust” um hard/heavy potentoso e mais um hino metálico em “Our Shout Is Heavy Metal”, com um jeitão Maidenesco, bem conhecida dos fãs da banda e de quem já esteve nos muitos shows que já realizaram; e é gratificante saber que o trabalho foi lançado no exterior e finalmente eles terão maior reconhecimento.
Infelizmente e recentemente dois dos componentes desta época brilhante guitarrista Henrique e baixista Edivan deixaram a banda, o primeiro sendo brilhantemente substituido por Luke D Couto(Rider, Nightprowler) um talento nato e que ainda será reconhecido e com o “cargo” ainda vago para as quatro cordas.
Certamente um dos destaques do metal nacional nos últimos tempos e agora é aguardar um novo trabalho com a nova formação e novas composições.
Toque alto para melhor efeito. Play loud to maximum effect.