AYREON - The Source
AYREON - The Source (Hellion Rec nac)
Aplaudo de pé o grande músico holandes Arjen Lucassen que iniciou carreira nos anos 80 como um dos guitarristas o ótimo Bodine(gravando os álbuns Bold As Brass e Three Times Running, justamente os dois melhores de três) e depois com o Vengeance (seis álbuns) iniciando carreira solo em 1994 com seus inúmeros projetos e de guitarrista passou a multinstrumentista cuja especialidade é criar álbuns conceituais especialmente com temas de ficção cientifica, sendo o primeiro numa trilogia planejada trazendo a história anterior a 01011001-influência nitida e perspicaz no estilo da saga Star Wars. No planeta Alfa(nossos ancestrais, ponto nunca esclarecido nos trabalhos), a humanidade se vê cada vez mais dependente de máquinas e enfrenta problemas como o efeito estufa e eventualmente, o presidente recorre ao complexo de máquinas que mantém o planeta funcionando (Frame) para que elas solucionem os problemas que afetam o mundo. Elas determinam que o problema reside na própria humanidade e decidem desligar os sistemas vitais para deixar todos morrerem, sendo que o trabalho foi dividido em dois álbuns em quatro cronicas, tendo uma vez mais a participação de vários vocalistas convidados e um time de músicos muito bons e competentes e posso salientar que não há momentos instrumentais auto indulgentes, quebradeiras ritmicas sem sentido e momentos exagerados que enjoam fácil.
A parte de arte merece ser mencionada pois o encarte interno traz influências muito nitidas de obras cinematográficas como Matrix, Alien, Dead Space-os quais sou fã,especialmente do segundo- e uma bela capa, que são importantissimos sempre na apresentação e chamativos de um trabalho especialmente para pessoas que “já ouviram falar no projeto, mas nunca o ouviram”
O progr metal/rock apresentado pelo Ayreon nunca foi complexo de forma exagerada e até os momentos de mais brilhantismo e virtuosismo fogem da chatice e ‘mil notas por segundo” de certas bandas por aí,e aqui predomina além do talento, técnica e qualidade musaicais, também ótimas melodias, refrães pegajosos e variações de climas e tempos com ótimas interpretações vocálicas dos convidados; Arjen está tocando vários instrumentos assim como nos outros trabalhos e na bateria está Ed Warby(Elegy, Gorefest,etc)que como sempre faz suas partes com maestria e talento, sem exageros além de ótimos músicos como guitarristas Paul Gilbert(ele mesmo!) Guthrie Gowan e Marcel Coenen, celista Maaike Peterse, violinista Bem Mathot e nos instrumentos de sopro(especialmente a flauta) Jeroen Goossens no sintetizador o Marillion Mark Kelly, dentre outros,enfim, um time de primeira e na parte vocal algumas figurinhas carimbadas e também excelentes vocalistas Russell Allen, Nils K Rue(canta muito, mas a banda dele Pagans Mind é over produced” e não gosto disso), Simone Simons e Floor Jansen;particularmente não gosto de nada que elas gravaram e participaram no passado em termos de bandas mas tenho reconhecer e tirar o chapéu que elas cantam e muito mesmo não sendo estilisticamente “minha praia” além de Hansi Kursch, Tobias Sammet, competentes como sempre, James La Brie que aqui está cantando num tom normal, sem esganicamentos(mas ele é um dos principais motivos de uma lista de mais de 350 que eu não suporto , não escuto, não tenho nada doDream Theater!!)Tommy Kaverik dentre outros que incorporaram com maestria suas personagens e fizeram um trabalho digno
O primeiro cd é um pouco menos intenso que o segundo e posso destacar alguns momentos que realmente gostei(depois de umas quinze audições!) com a longa “The Day That The world breaks down” com James La Brie num ótimo momento em um início etéreo e acústico e explodindo numa das melhores músicas deste cd com participação dos vocalistas Tommy Rogers, Simone Simons, Tommy Karevik, Hansi Kursh, Tobias Sammet,dentre outros, em ótimas interpretações e um instrumental que é progr metal sem chatices mesclando partes bem pesadas e eletrizantes com momentos harmoniosos e calmos; “Sea Of Machines” instrumental lírico e envolvente e ótima interpretação vocal dos envolvidos(uma constante em todo o trabalho, bom gosto); ”Everybody Dies”intensa, variada e poderosa;”Run! Apocalypse!Run” mais um momento intenso e vigoroso dentro da obra e aqui abro um parenteses: para quem começou a ouvir influências de música celta/folk nos anos 70 com Thin Lizzy e especialmente Jethro Tull, anos 80 com Gary Moore,anos 90 com o Skyclad(o qual sou fã “fanático” até hoje), Tempest norte amercano e Tuatha De Dannan ouvir este tipo de influência num trabalho que versa sobre um conceito de ficção cientifica parece algo infundado e sem sentido a não ser que os alienigenas citados sejam da Escócia ou Irlanda-acho que ficou fora de propósito e não curti estas partes no trabalho;passando ao cd2 aonde as composições são mais fortes, contudentes, envolventes e poderosas e é aberto pela imponente “Aquatic Race” com harmonias vocais do mais puro AOR caindo num belo exemplo de progr metal com partes “animadas” e energéticas mesclado com algumas mais melódicas e calmas e ótimas vocalizações; “The Source Will Flow” inicia-se com uma flauta que é puro Jethro Tull de outro-não adianta qualquer trabalho que o instrumento é tocado vai lembrar JT e seu líder Ian Anderson-que é cadenciada e tem como destaque a interpretação vocalica inclusive com algumas linhas orientais que caíram muto bem e o uso inteligente de cordas pois o instrumental é meio repetitivo caindo naquele celtic progr que já mencionei; “Into The Ocean” já tem um jeitão mais heavy rock estilo Purple/Heep e dá um belo up no trabalho e só faltou umsolo “Blackmoreniano” para chegar a perfeição; “Bay Of Dreams” mantém o clima em altos espiritos, ou seria, alto astral, bela instrumental/vocal o que é uma constante cuja continuação(sem intervalos) em “Planet Y is Alive” também vem num ritmo mais rápido, de urgência, aliados com partes mas calmas e que belos arranjos!; e finalmente “Journey To Forever” inciando com vocais bombásticos e uma bela epopéia que mescla partes semi acústicas e elétricas e belissimas interpretações vocalicas e um dos momentos mais vivazes do trabalho,dentre outras.
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The Source é mais um belo trabalho do músico, produção esmeradissima,arranjos impecáveis, composições envolventes e um trabalho nos vocais digno de notas altissimas, tudo feito com muito bom gosto e esmero ( só gostaria de ouvir novos convidados em próximos trabalhos) que deve ser ouvido por inteiro; com certeza os fãs de progr metal já o estão aplaudindo de pé
N.E-posteriormente ao trabalho foi lançado em 30/03 o dvd-blue ray “Ayreon Universe” que é um “best of” ao vivo (maiores informações no site oficial do músico https://www.youtube.com/watch?v=g0GPJ_FqJLU)
(Eduardo de Souza Bonadia)