Heavenless: metal potiguar de volta à São Paulo neste fim de semana
Trio vem para fazer mais dois shows no estado em menos de dois meses e dessa vez serão atração de importante festival na capital O tom sombrio da contemporaneidade, caracterizado pela polarização de ideias, sugestiona a dificuldade do homem em viver entre e respeitar diferenças. Em essência, isso poderia significar que haveria entre nós certa resistência a aceitar e lidar com singularidades, inclusive a nossa própria, de forma que tendemos, quase irresistivelmente, a nos agrupar entre semelhantes, nos rebanhar. Submeter-se e não emancipar-se.
Em seu “Além do Bem e do Mal”, Nietzsche criticou o homem de rebanho e sua presunção de igualdade baseada na moral cristã, afirmando que a independência “é algo para bem poucos: é prerrogativa dos fortes”. Isso foi no século XIX, período no qual nem o sonho mais atrevido ousaria discutir temas como diversidade sexual, liberação da maconha, legalização do aborto ou outros contemporâneos com tendência a polarização.
Viveria então o homem moderno numa espécie de liberdade imaginária quando, hipoteticamente livre de antigos conceitos, passa a criar e idealizar novos rebanhos e sai em sua defesa numa justificativa pela sua adicção à submissão?
A não submissão tem na coragem o seu preço! Formado na “Terra da Liberdade”, o grupo Heavenless nasceu herdeiro de uma fortuna de intrepidez. Mossoró, capital cultural do Rio Grande do Norte, é marcada pelo Motim das Mulheres, pelo primeiro voto feminino do país, por ter libertado seus escravos cinco anos antes da Lei Áurea, sem falar da resistência histórica ao bando de Lampião. Kalyl Lamarck (vocal/baixo, ex-Monster Coyote), Vicente “Mad Butcher” Andrade (bateria) e Vinícius Martins (guitarra) tem tanta força no respeito às diferenças e singularidades, quanto à sua própria, defendida com um tom, para muitos, ácido: “Fuck Religion”. Respeito por singularidades não pressupõe o mesmo aos rebanhos (nocivos).
Essa mesma singularidade na ideologia o Heavenless busca em sua sonoridade. Seu disco de estreia, sugestivamente intitulado “whocantbenamed”, traz um death/hardcore com sotaque doom numa grande disponibilização para o inexplorado.
Produzido e mixado por Cassio Zambotto, “whocantbenamed” foi lançado em Janeiro pela Rising Records e reúne nove faixas, entre elas “The Reclaim” que ganhou videoclipe: https://www.youtube.com/watch?v=_LrEOqkUizY
A boa recepção do disco de estreia pela crítica especializada vem proporcionando ao Heavenless ótimas oportunidades de shows e turnês. Depois de realizar oito shows pelo sudeste em abril, o grupo volta neste fim de semana para mais duas apresentações, uma em Sorocaba, no interior de São Paulo, e outra na capital paulista como uma das atrações do Black Embers Fest IV. A primeira apresentação do Heavenless em Sorocaba acontece nessa sexta-feira dia 23/06 no Oficina Rock Bar (Av. Itavuvu, 1960), localizado na zona norte da cidade. Além do trio potiguar, também se apresenta na mesma noite o grupo Siege Of Hate (S.O.H.) de Fortaleza/CE. Os shows estão programados para terem início às 20:00 e os ingressos serão vendidos no local na hora do show por R$ 10,00. A noitada metal ainda contará com discotecagem do DJ Birth nos intervalos.
Já no sábado dia 24/04 o Heavenless pega a rodovia Castelo Branco rumo à capital paulista onde será uma das atrações do Black Embers Fest IV que está programado para acontecer a partir das 17:00 no Trackers (Rua Dom José de Barros, 337), localizado próximo ao Metrô República. Na mesma noite também se apresentam outras 13 bandas de São Paulo (capital e interior), Ceará, Bahia, Goiás, Paraná e Rio Grande do Sul. Muito sludge, doom, grindcore, death metal, hardcore, shoegaze e synthrock para promover a diversidade na música underground. Os ingressos serão vendidos no local na hora do show por R$ 20,00.
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Crédito Foto: Berg Pereira